O que sentimos quando olhamos para o céu e vemos um pico rochoso coberto de neve se erguer até as nuvens? Existe algo profundamente inspirador nas grandes montanhas do nosso planeta – elas são testemunhas silenciosas da evolução da Terra, desafios para os aventureiros e santuários para uma biodiversidade única. Neste artigo, vamos explorar as majestosas montanhas mais altas do mundo e descobrir o que as torna tão especiais.
Entendendo a Grandiosidade das Montanhas Mais Altas
As montanhas mais altas do mundo representam muito mais que números impressionantes em metros. Cada uma delas carrega histórias milenares, desafios extraordinários e ecossistemas únicos. Quando falamos sobre altitude, é importante entender como essas medições são feitas e o que elas realmente significam.
Cresci ouvindo histórias sobre montanhas. Meu avô era um entusiasta do montanhismo e sempre dizia que “para entender uma montanha, você precisa tentar subi-la.” Claro, nem todos podemos escalar o Everest, mas podemos certamente compreender o que torna essas gigantes da natureza tão especiais.
Como Medimos as Montanhas?
Antes de mergulharmos na lista das mais altas, é importante entender dois conceitos fundamentais:
- Altura absoluta: A distância vertical medida do nível do mar até o ponto mais alto da montanha.
- Proeminência: Quanto a montanha se destaca em relação às áreas ao redor.
A maioria das classificações das montanhas mais altas utiliza a altura absoluta como critério principal. No entanto, a proeminência oferece uma perspectiva diferente e igualmente fascinante sobre a verdadeira “imposição” de uma montanha na paisagem.
As 10 Montanhas Mais Altas do Mundo
1. Monte Everest (8.848m) – Nepal/China

O imponente Everest, conhecido localmente como “Sagarmatha” (em nepali) ou “Chomolungma” (em tibetano), reina absoluto como a montanha mais alta do planeta. Sua altitude oficial foi revisada em 2020, quando China e Nepal concordaram com a altura de 8.848,86 metros acima do nível do mar.
“O Everest não é apenas uma montanha, mas um símbolo da determinação humana e dos limites que podemos superar.” – Edmund Hillary
A primeira ascensão confirmada ao topo do Everest foi realizada por Edmund Hillary e Tenzing Norgay em 1953. Desde então, a montanha se tornou simultaneamente um símbolo de aventura extrema e, infelizmente, de turismo excessivo. Cerca de 800 pessoas tentam a escalada anualmente, criando sérias preocupações ambientais.
O Everest faz parte da cordilheira do Himalaia, a mais jovem e mais alta cadeia de montanhas do mundo, formada pelo choque contínuo entre as placas tectônicas da Índia e da Eurásia.
2. K2 (8.611m) – Paquistão/China

Conhecida como a “montanha selvagem”, o K2 é considerada por muitos alpinistas como a mais difícil e perigosa das grandes montanhas. Localizada na fronteira entre China e Paquistão, seu nome técnico reflete sua descoberta durante o Grande Levantamento Trigonométrico da Índia Britânica.
O K2 tem uma taxa de mortalidade assustadora – para cada quatro pessoas que chegam ao topo, uma morre tentando. Isso levou à sua reputação como “montanha assassina”. Diferente do Everest, o K2 raramente é escalado no inverno devido às condições extremamente severas.
“Se o Everest é o rei das montanhas, o K2 é a rainha. Ela é muito mais bonita, mas também mais mortal.” – Reinhold Messner
Uma curiosidade fascinante: apenas em 2021 uma equipe de alpinistas conseguiu realizar a primeira ascensão ao K2 durante o inverno, um feito considerado um dos últimos grandes desafios do alpinismo.
3. Kangchenjunga (8.586m) – Nepal/Índia

A terceira montanha mais alta do mundo é também uma das mais sagradas. Seu nome significa “Os Cinco Tesouros da Grande Neve” em idiomas locais, referindo-se aos seus cinco picos distintos. Para os povos locais do Sikkim, a montanha é considerada sagrada, e os primeiros alpinistas que chegaram ao topo respeitaram a tradição local de parar alguns metros antes do cume verdadeiro.
O Kangchenjunga abriga uma biodiversidade impressionante, incluindo o elusivo leopardo-das-neves. A região ao redor da montanha é protegida como o Parque Nacional de Kangchenjunga, um dos tesouros naturais do Nepal.
4. Lhotse (8.516m) – Nepal/China

Conectada ao Everest pelo South Col, Lhotse (que significa “Face Sul”) é muitas vezes ofuscada pela sua vizinha mais famosa. No entanto, sua face sul é considerada uma das paredes de montanha mais técnicas e desafiadoras do mundo, com mais de 3.000 metros de rocha e gelo quase vertical.
Curiosamente, Lhotse tem uma montanha “irmã” chamada Lhotse Middle (8.414m), que só foi oficialmente reconhecida como um pico separado em 2013, após novas medições.
5. Makalu (8.485m) – Nepal/China

Com seu formato distintivo de pirâmide de quatro faces, Makalu é considerada uma das montanhas tecnicamente mais difíceis do mundo. Seu nome deriva da palavra sânscrita “Maha Kala”, que se refere a Shiva, uma das principais divindades hindus.
A montanha é notória pelos seus ventos intensos, que podem atingir velocidades devastadoras. A região de Makalu-Barun, onde a montanha está situada, abriga uma impressionante variedade de ecossistemas, desde florestas tropicais até glaciares alpinos.
6. Cho Oyu (8.188m) – Nepal/China

Seu nome significa “Deusa Turquesa” em tibetano, e é considerada uma das montanhas de oito mil metros mais “acessíveis” para escalada, devido às rotas relativamente menos técnicas até o cume. Isso não significa que seja fácil – apenas que as taxas de sucesso são maiores e as de fatalidade menores em comparação com outras montanhas dessa magnitude.
A proximidade de Cho Oyu com o Nangpa La, um importante passo de comércio entre Tibet e Nepal, deu à montanha um significado cultural e histórico considerável na região.
7. Dhaulagiri (8.167m) – Nepal

O nome Dhaulagiri significa “Montanha Branca” em sânscrito, e este maciço impressionante domina o horizonte do oeste do Nepal. Foi considerada a montanha mais alta do mundo quando foi descoberta por europeus no final do século XVIII, até que medições posteriores revelaram o Everest como superior.
O que torna Dhaulagiri especialmente impressionante é sua proeminência vertical – ela se ergue mais de 7.000 metros acima dos vales próximos, criando um dos relevos mais dramáticos da Terra.
8. Manaslu (8.163m) – Nepal

Conhecida como a “Montanha do Espírito”, Manaslu é considerada uma montanha particularmente sagrada. As comunidades locais acreditam que tentar escalar seu pico pode perturbar as divindades que ali residem, e várias das primeiras expedições enfrentaram resistência local.
A região de Manaslu é notável por sua diversidade cultural, com comunidades que preservam tradições tibetanas antigas. O circuito de trekking ao redor da montanha se tornou uma alternativa menos congestionada ao famoso circuito do Annapurna.
9. Nanga Parbat (8.126m) – Paquistão

Com o apelido sombrio de “Montanha Assassina”, Nanga Parbat tem uma das faces mais imponentes e perigosas do mundo: a face Rupal, com quase 4.500 metros de altura vertical. A montanha ganhou uma reputação sinistra na década de 1930, quando várias expedições alemãs terminaram em tragédia.
O nome “Nanga Parbat” significa “Montanha Nua” em hindi/urdu, referindo-se às suas faces rochosas expostas. A montanha é isolada do resto do Himalaia, erguendo-se como uma sentinela solitária no oeste do Paquistão.
10. Annapurna (8.091m) – Nepal

Fechando o grupo das dez montanhas mais altas, Annapurna foi a primeira montanha acima de 8.000 metros a ser conquistada, em 1950. Paradoxalmente, apesar dessa conquista precoce, ela mantém uma das mais altas taxas de mortalidade entre todas as montanhas de grande altitude – quase 40% dos que tentam alcançar seu cume não retornam.
“Annapurna não é apenas uma montanha, mas uma deusa que dá vida e pode tirá-la com a mesma facilidade.” – Provérbio nepalês
O nome “Annapurna” vem do sânscrito e significa “Deusa da Colheita” ou “Provedora”, ironicamente contrastando com sua natureza mortal para alpinistas.
Além da Altura: Outras Montanhas Notáveis
Embora nosso foco esteja nas montanhas mais altas do mundo por altitude absoluta, existem outras formas de medir a “grandeza” de uma montanha:
Maior Elevação do Nível do Mar: Mauna Kea (10.203m)
Tecnicamente, o vulcão Mauna Kea no Havaí é a montanha mais alta do mundo se medirmos desde sua base no fundo do oceano. Apenas 4.207 metros estão acima do nível do mar, mas sua altura total é impressionante.
Maior Proeminência após o Everest: Aconcágua (6.962m)
O Aconcágua, nos Andes argentinos, é a montanha mais alta fora da Ásia e possui uma proeminência extraordinária, tornando-a visualmente mais impressionante que muitas montanhas tecnicamente mais altas.
Mais Distante do Centro da Terra: Chimborazo (6.263m)
Devido ao formato de elipsoide da Terra, que é mais larga no Equador, o pico do Chimborazo no Equador está mais distante do centro da Terra que o Everest, tornando-o o ponto mais alto do planeta em termos de distância do centro.
A Importância Ecológica das Grandes Montanhas
As montanhas mais altas do mundo não são apenas maravilhas geológicas ou desafios para alpinistas – são ecossistemas vitais. Elas:
- Funcionam como “torres de água”, armazenando água em forma de gelo e neve
- Abrigam espécies endêmicas que não existem em nenhum outro lugar
- Criam barreiras naturais que resultam em diversidade cultural e biológica
- Servem como indicadores das mudanças climáticas globais
A rápida retração dos glaciares nas grandes montanhas é um dos sinais mais visíveis do aquecimento global. O Himalaia, por exemplo, perdeu cerca de 25% de seu gelo nos últimos 40 anos, com consequências potencialmente devastadoras para os bilhões de pessoas que dependem dos rios alimentados por esse derretimento.
O Impacto Cultural das Montanhas Mais Altas
Para muitas culturas, as montanhas não são meros acidentes geográficos, mas entidades sagradas. O Monte Kailash (6.638m) no Tibet, por exemplo, é considerado sagrado por quatro religiões: hinduísmo, budismo, jainismo e bön. Apesar de não ser tão alto quanto as montanhas que listamos, sua importância cultural é incalculável.
“As montanhas têm o poder de chamar as pessoas para elas, e de fato, acredito que cada uma delas tem sua própria canção distinta.” – John Muir
No Nepal, os sherpas realizavam rituais de purificação e pediam permissão às montanhas antes de iniciar suas escaladas. Essa reverência pela natureza contrasta fortemente com algumas abordagens ocidentais de “conquistar” os picos.
Os Desafios da Conservação
O aumento do turismo de aventura nas regiões montanhosas apresenta um paradoxo: por um lado, traz desenvolvimento econômico para comunidades remotas; por outro, ameaça os próprios ecossistemas que atraem os visitantes.
No Everest, o problema do lixo acumulado se tornou tão sério que expedições especiais de limpeza são organizadas regularmente. Estima-se que mais de 50 toneladas de resíduos tenham sido removidas da montanha nas últimas décadas, mas muito mais permanece.
As mudanças climáticas representam outro desafio imenso. O derretimento do permafrost está tornando algumas rotas de escalada mais perigosas, enquanto avalanches e deslizamentos estão se tornando mais frequentes.
Preparando-se para Visitar as Grandes Montanhas
Se você sonha em ver algumas das montanhas mais altas do mundo, não precisa necessariamente ser um alpinista experiente. Existem opções para todos os níveis de condicionamento físico:
- Campos base: O Campo Base do Everest e o Campo Base do Annapurna são trekkings populares que oferecem vistas espetaculares sem a necessidade de equipamentos técnicos.
- Viewpoints: Locais como Kala Patthar no Nepal oferecem vistas panorâmicas do Everest sem a necessidade de escalada.
- Passeios aéreos: Em Kathmandu, é possível fazer voos cênicos que passam pelo Everest.
Lembre-se sempre que mesmo trekkings considerados “fáceis” nas regiões do Himalaia podem ser desafiadores devido à altitude. A aclimatação adequada é essencial para evitar o mal de altitude, que pode ser fatal.
O Futuro das Montanhas
À medida que as mudanças climáticas continuam, o futuro das montanhas mais altas do mundo é incerto. Os glaciares estão recuando a taxas alarmantes, novas fissuras estão aparecendo em rotas anteriormente estáveis, e a frequência de eventos climáticos extremos está aumentando.
Organizações como a International Mountain Protection Commission e várias ONGs locais estão trabalhando para promover práticas sustentáveis de turismo e alpinismo. O conceito de “Leave No Trace” (Não Deixe Rastros) tornou-se um mantra para visitantes responsáveis.
Algumas regiões estão limitando o número de permissões de escalada, enquanto outras estão aumentando as taxas para financiar esforços de conservação. A questão permanece: como equilibrar o acesso com a preservação?
O Chamado Eterno das Alturas
As montanhas mais altas do mundo continuam a exercer um fascínio poderoso sobre a humanidade. Elas representam os limites do nosso planeta – tanto físicos quanto espirituais. São repositórios de beleza, perigo, biodiversidade e cultura.
Em um mundo cada vez mais urbanizado e digitalizado, talvez precisemos mais do que nunca da perspectiva que as montanhas oferecem. Elas nos lembram da nossa pequenez diante das forças da natureza, mas também da nossa capacidade de superar desafios aparentemente insuperáveis.
Como escreveu o famoso alpinista Walter Bonatti: “As montanhas não são estádios onde satisfaço minha ambição de conquistar; são catedrais onde pratico minha religião.”
Se você nunca teve a oportunidade de contemplar pessoalmente uma grande montanha, espero que um dia possa viver essa experiência transformadora. E se já teve, provavelmente entende porque tantos de nós ficamos fascinados por essas gigantes silenciosas que alcançam o céu.
Principais Pontos Sobre as Montanhas Mais Altas do Mundo:
- O Everest mantém o título de montanha mais alta com 8.848 metros
- As dez montanhas mais altas estão todas na Ásia, na cordilheira do Himalaia
- Diferentes métodos de medição podem resultar em rankings alternativos
- As grandes montanhas enfrentam sérias ameaças devido às mudanças climáticas
- Além da altura, fatores como proeminência e dificuldade técnica são importantes para compreender a verdadeira magnitude dessas montanhas
- As montanhas têm profundo significado cultural e espiritual para muitas civilizações
- O turismo sustentável é crucial para preservar esses ecossistemas frágeis