Oi, gente! Tudo bem com vocês? Hoje quero bater um papo sobre algo que me preocupa bastante e que afeta a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo. Sabe aquela sensação de quando vamos à praia e notamos que a faixa de areia parece menor que antes? Não é impressão sua, não. O mar está mesmo avançando, e isso pode virar um problemão nas próximas décadas.
Moro perto da costa há uns bons anos e tenho notado pequenas mudanças. Um quiosque que antes ficava longe da água hoje quase molha os pés durante a maré alta. O velho pescador da região sempre comenta: “O mar tá comendo a praia, minha filha”. E não é só conversa de pescador, não. É ciência pura.
Por que o mar tá subindo, afinal?

Vou te explicar numa linguagem bem direta. É o seguinte: o planeta tá esquentando por causa dos gases que a gente solta na atmosfera. Principalmente da queima de combustíveis como gasolina, diesel e carvão.
E o que acontece quando esquenta? Duas coisas:
Primeiro, o gelo dos polos derrete. Você já fez aquela experiência de colocar gelo num copo cheio de água? O que acontece quando o gelo derrete? Isso mesmo, transborda! No nosso planeta, os “gelos” são as enormes geleiras da Groenlândia e da Antártida.
Segundo, a própria água do mar se expande quando esquenta. É tipo quando você esquenta uma panela com água – ela ocupa mais espaço, não é mesmo?
Essa combinação tá fazendo o nível do mar subir cerca de 3,3 milímetros por ano. Parece pouco? Então faz as contas: em 10 anos são 3,3 centímetros, em 100 anos dá mais de 30 centímetros. E isso se continuar no mesmo ritmo, porque a tendência é acelerar.
Quem tá mais na roça com essa história toda?

Tem cidade que já tá com água pelo pescoço, literalmente. Vamos dar uma olhada nelas?
Lá fora, o negócio tá feio
Jacarta, na Indonésia: Meu Deus do céu! A situação lá tá tão crítica que o governo decidiu mudar a capital pra outro lugar. Já pensou? Uma cidade inteira tendo que se mudar! Quase metade da cidade já está abaixo do nível do mar.
Veneza, na Itália: Aquela das gôndolas e canais, sabe? Tá cada vez mais debaixo d’água. O problema ficou tão sério que eles construíram umas barreiras enormes que sobem quando a maré sobe, pra proteger a cidade. Chamam de MOSE. Chique, né? Mas mesmo assim, volta e meia a praça principal vira piscina.
Miami, nos Estados Unidos: Terra dos ricaços com seus carrões importados, e adivinha? Tem rua lá que alaga mesmo em dia de sol! A água salgada sobe pelos bueiros quando a maré está alta. Os corretores de imóveis por lá já começam a ficar de cabelo em pé.
E aqui no Brasil?
Não pense que escapamos dessa, viu? Nossas cidades também estão na mira do mar.
Recife: Não é à toa que chamam de “Veneza Brasileira”. A cidade já sofre com alagamentos frequentes, e o aumento do nível do mar só vai piorar a situação. Tem bairro lá que é só dar uma maré alta junto com chuva que o pessoal já sai de barquinho pela rua.
Santos: Onde fica o nosso portão para o mundo, o maior porto da América Latina. Já reparou que tem cada vez mais ressacas fortes por lá? Não é coincidência.
Rio de Janeiro: Imagina a Copacabana sem praia? Difícil, né? Mas se o mar continuar subindo, a famosa calçadinha em ondas pode acabar debaixo d’água em dia de ressaca forte.
Um amigo meu que mora em Fortaleza me contou que a praia da infância dele diminuiu tanto que a casa da avó, que antes ficava a uns 200 metros do mar, agora está praticamente na beira. E não, não é exagero de pescador.
E o que acontece quando o mar entra de penetra?

Não é só molhar o pé, não. Os problemas são bem maiores:
Tchau, tchau, água potável
O mar é salgado, né? Quando ele avança, a água salgada contamina os lençóis freáticos (aquela água debaixo da terra que a gente usa em poços). Resultado? Água imprópria pra beber.
Tem lugar, como em algumas ilhas do Pacífico, que as pessoas já não conseguem mais usar a água de poços que suas famílias usavam há gerações. Imagina abrir a torneira e sair água salgada? Não dá nem pra fazer café direito!
Infraestrutura vai pro brejo
Ruas, sistemas de esgoto, portos… nada disso foi feito pensando em ficar debaixo d’água salgada.
Uma vez visitei uma cidade costeira no Nordeste e vi um poste de luz que estava sendo corroído na base pela água do mar. O técnico da companhia elétrica falou: “A gente nunca planejou que a água ia chegar até aqui. Esse poste tá aqui há 30 anos e só agora começou a dar problema”.
Comida em risco
Tem muita plantação perto da costa. Quando o mar avança, o solo fica salgado e aí… adeus agricultura!
Um pequeno agricultor que conheci perto de Pelotas, no Rio Grande do Sul, me contou que a terra dele, que antes dava de tudo, agora mal consegue produzir porque a água salgada da Lagoa dos Patos (que se conecta com o mar) está invadindo o terreno.
Tá, mas quanto o mar vai subir? É muito ou pouco?
Boa pergunta! Os cientistas do IPCC (um grupo internacional de especialistas em clima) dizem que até 2100 o mar deve subir entre 30 centímetros e 1 metro.
Parece pouco?
Pega uma régua e imagina 30 centímetros de água permanente na sala da sua casa. Não é tão pouco assim, né?
E tem mais: esse aumento não vai parar em 2100, não. Se a gente continuar soltando gases na atmosfera como tá fazendo hoje, o mar pode subir vários metros nos próximos séculos.
Inclusive, o nível já subiu uns 20 centímetros desde 1900. Metade disso aconteceu só nas últimas três décadas. Ou seja, a coisa tá acelerando.
Quem sofre mais com essa história toda?

Como sempre, quem já tem pouco é quem mais se lasca (desculpa a expressão, mas é a pura verdade).
Os mais pobres sempre pagam a conta
Enquanto cidades ricas como Nova York ou Amsterdã podem construir barreiras caríssimas contra o mar, as favelas à beira-mar em muitos países ficam totalmente expostas.
Vi de perto isso quando fui a uma comunidade de pescadores no litoral. Quando perguntei o que eles fazem quando o mar invade as casas, um senhor de uns 70 anos me respondeu com um dar de ombros: “A gente espera baixar e limpa a sujeira. Não tem muito o que fazer.”
Pescadores e comunidades tradicionais
Pra quem sempre viveu do mar e com o mar, sair dali não é só mudar de endereço. É perder um pedaço da própria identidade.
Ilhas pequenas em desespero
Tem países inteirinhos que podem virar história em poucas décadas. Tuvalu, Kiribati, Maldivas… são nações formadas por ilhas baixinhas que o mar pode engolir.
Já pensou? O governo de Kiribati já comprou terras em outro país (Fiji) pra ter onde colocar seu povo no futuro. É tipo um plano B pra quando a casa original afundar.
Tem solução ou vamos todos virar peixe?

Calma que nem tudo está perdido! Tem muita gente esperta pensando em soluções. Basicamente, existem três caminhos:
Opção 1: Segurar o mar
É o caminho das barreiras, diques e muralhas. Os holandeses são mestres nisso. Grande parte do país fica abaixo do nível do mar, mas eles construíram diques gigantes pra manter a água longe.
Veneza, como falei antes, tem aquele sistema MOSE – umas barreiras móveis que sobem quando a maré sobe.
Aqui no Brasil, Santos já está estudando construir barreiras pra proteger o porto e parte da cidade.
E tem também as soluções da própria natureza: restaurar mangues e recifes de coral, que funcionam como barreiras naturais. Vi um projeto lindo no litoral de Pernambuco onde estão replantando mangues justamente pra segurar o avanço do mar.
Opção 2: Se adaptar ao molhado
Se não dá pra impedir a água de chegar, que tal aprender a viver com ela?
Na Holanda, tem casas que literalmente flutuam quando o nível da água sobe. Incrível, né?
Em Nova Orleans, nos EUA, depois do furacão Katrina, muitas casas foram reconstruídas sobre pilares, bem altas, pra água passar por baixo sem fazer estrago.
Tem até agricultores que, quando não conseguem mais plantar arroz por causa da água salgada, mudam pra criação de camarão – que adora água salobra.
Jeitinho é o que não falta!
Opção 3: Dar no pé
Em alguns casos, não tem jeito: o melhor é sair do caminho do mar.
Alguns governos estão comprando casas em áreas de alto risco pra permitir que as famílias se mudem. Cidades como Boston (EUA) já estão proibindo novas construções em áreas que, segundo as projeções, estarão debaixo d’água no futuro.
No caso mais radical, comunidades inteiras estão se mudando. Na ilha de Jean Charles, nos EUA, o governo está bancando a mudança de toda uma comunidade indígena cujo território está virando mar.
“Tá, mas eu, aqui na minha casa, posso fazer alguma coisa?”
Claro que pode! Toda ajuda é bem-vinda nessa batalha:
- Se você mora perto da costa, informe-se sobre os riscos na sua região. A prefeitura tem (ou deveria ter) estudos sobre áreas vulneráveis.
- Reduza sua pegada de carbono. Menos gases de efeito estufa = menos aquecimento = mar subindo mais devagar.
- Vote em candidatos que levem a sério as mudanças climáticas. Política pode parecer chato, mas faz toda diferença.
- Participe de mutirões de limpeza e restauração de ecossistemas costeiros. Tem sempre uma ONG por perto fazendo esse trabalho.
- Espalhe a palavra! Muita gente ainda não faz ideia da seriedade desse problema.
Como serão nossas cidades costeiras no futuro?

Se a gente agir rápido e com inteligência, nossas cidades costeiras vão precisar mudar, mas podem continuar existindo e sendo lugares bacanas pra viver.
Cidades mais espertas
As cidades do futuro próximo ao mar provavelmente terão:
- Mais áreas verdes que absorvem água durante inundações.
- Construções que podem ser facilmente adaptadas conforme o nível do mar sobe.
- Um planejamento que já pensa lá na frente: “Como essa região estará daqui a 50 anos?”
Rotterdam, na Holanda, tem umas “praças d’água” geniais – normalmente são parques ou quadras, mas quando chove muito, viram lagos temporários que armazenam água. Depois a água é bombeada de volta pro mar. Demais, né?
Dividindo a conta justamente
Um ponto importante: quem menos causou o problema muitas vezes é quem mais sofre. Os países e pessoas que menos contribuíram para as mudanças climáticas geralmente são os mais afetados.
Por isso, muita gente defende que os países mais ricos, que historicamente poluíram mais, deveriam ajudar financeiramente os mais vulneráveis a se adaptarem. Justo, não?
Histórias que dão esperança

Apesar de tudo, tem muita gente enfrentando esse desafio com criatividade e garra:
Holanda: Com quase um terço do país abaixo do nível do mar, os holandeses são craques em gerenciar água. Hoje, eles exportam esse conhecimento pro mundo todo.
Bangladesh: Um dos lugares mais vulneráveis do planeta tem escolas flutuantes em regiões frequentemente inundadas. As crianças chegam de barquinho e estudam mesmo quando tudo ao redor está debaixo d’água.
Nova York: Depois que o furacão Sandy arrasou parte da cidade em 2012, eles bolaram um plano chamado “The Big U” – um sistema de proteção que combina barreiras contra inundações com novos parques e espaços públicos. Unir o útil ao agradável, sabe como é?
Pra fechar nossa conversa…
O aumento do nível do mar é um dos maiores perrengues que a humanidade vai enfrentar nas próximas décadas. Não é só um problema ambiental – é social, econômico e político também.
A boa notícia? Temos conhecimento e tecnologia pra encarar esse desafio. O que precisamos é de vontade política e ação coletiva. Cada centímetro de aumento que evitarmos significa milhões de pessoas protegidas.
Como dizia minha avó: “Pra todo problema, tem solução. Alguns só demoram mais pra resolver”. E nesse caso, quanto antes começarmos, melhor.
Ah, outra coisa que sempre lembro quando penso nesse assunto: o mar sempre foi nosso amigo e provedor. Agora precisamos aprender a conviver com ele de um jeito diferente, com mais respeito e sabedoria. Afinal, a Terra é muito mais velha que a gente e vai continuar por aqui, com ou sem nós.
O que você acha? Já tinha pensado nesse problema antes? Sua cidade pode ser afetada? Me conta nos comentários!
Resumindo tudo que conversamos:
- O mar tá subindo porque o planeta tá esquentando, derretendo geleiras e expandindo a própria água do oceano.
- Até 2100, o nível do mar pode subir entre 30 cm e 1 metro. Não parece muito, mas é o suficiente pra causar um estrago danado.
- Cidades como Jacarta, Veneza, Miami, Recife e Santos estão entre as mais ameaçadas.
- Os impactos incluem inundações frequentes, água salgada contaminando a água doce e prejuízos em ruas, sistemas de esgoto e outras infraestruturas.
- Os mais prejudicados são sempre os de sempre: comunidades pobres, povos tradicionais e moradores de pequenas ilhas.
- As soluções são basicamente três: construir barreiras, adaptar as estruturas para conviver com a água ou, em último caso, mudar para áreas mais seguras.
- Cada um de nós pode ajudar reduzindo emissões, cobrando políticas públicas adequadas e participando de ações locais.
- Com planejamento e ação coletiva, podemos minimizar os danos e continuar vivendo em harmonia com o mar.
Bom, é isso! Espero que tenha curtido nosso papo e que, da próxima vez que for à praia, olhe para o mar com outros olhos. Ele está subindo, sim, mas ainda temos tempo de agir. Um abraço e até a próxima!