Você já parou pra pensar no que dá pra fazer com aquele terreno baldio do seu bairro? Sabe aquele, cheio de mato e que às vezes acumula lixo? Pois é, eu também ficava imaginando isso, até que conheci o poder de uma horta comunitária.
Vou te contar uma coisa: ver um espaço abandonado virar um lugar cheio de vida, comida boa e gente reunida é uma das coisas mais legais que já experimentei. E não precisa ser nenhum especialista em agricultura pra fazer isso acontecer!
Seu Joaquim, um senhor de 67 anos que ajudou a criar uma horta comunitária lá no Capão Redondo, em São Paulo, sempre fala: “A gente não planta só alface e tomate, sabe? A gente planta amizade, planta esperança, planta um bairro melhor“. E ele está certinho!
Neste texto, quero conversar com você sobre como transformar um pedacinho do seu bairro em uma horta comunitária que vai dar frutos – e não só aqueles que a gente come! Vamos lá?
O que é mesmo uma horta comunitária e por que fazer uma?
Uma horta comunitária é bem o que o nome já diz: uma horta que pertence a todo mundo do pedaço. É um lugar onde a turma do bairro se junta pra plantar, cuidar e colher juntos.
Diferente daquela hortinha que você talvez tenha no quintal da sua casa (ou no vasinho da janela do apartamento), a horta comunitária é um espaço compartilhado. Todo mundo põe a mão na massa e todo mundo aproveita o que sai da terra.
Mas por que dar-se ao trabalho?
Ah, tem tanta coisa boa que vem junto com uma horta comunitária! Olha só:
- Comida fresquinha e sem veneno. Sabe aquele tomate vermelhinho que você colhe e já leva pra casa? Não tem comparação com o do supermercado.
- Economia no fim do mês. Uma família pode economizar de R$50 até R$200 por mês em compras quando tem acesso aos alimentos da horta. Não é pouca coisa, não!
- Amizades que nascem entre um canteiro e outro. A Dona Teresa, que mora na comunidade do Preventório em Niterói, sempre comenta: “Antes eu nem sabia o nome da vizinha do 43. Agora a gente troca receita de bolo de cenoura!“
- As crianças aprendem na prática. Ver um pé de feijão nascendo depois de ter plantado a sementinha é uma aula que nenhum livro consegue dar tão bem.
- O bairro fica mais bonito e saudável. Onde antes tinha lixo e mato, agora tem alface, cebolinha, flores e borboletas.
- É bom pra cabeça. Mexer com a terra, ver as plantas crescendo, ficar um tempinho ao ar livre… tudo isso alivia o estresse daquela correria do dia a dia.
Lá na Vila Esperança, em Fortaleza, o Marcos, um rapaz de 24 anos que trabalha como motoboy, me contou uma vez: “Eu chegava em casa nervoso depois de um dia puxado no trânsito. Agora passo meia horinha na horta antes de subir pro apartamento. Respiro outro ar, sabe? Chego em casa mais tranquilo.“
E você, como anda a sua alimentação? Tem comido verduras fresquinhas? Conhece bem seus vizinhos? Uma horta comunitária pode ajudar com tudo isso!
Por onde começar? Primeiros passos

Achando um lugarzinho pro verde crescer
Primeira coisa: encontrar um espaço legal pra fazer a horta comunitária. Não precisa ser nada gigante, viu? Muitas hortas começam pequenininhas e vão crescendo com o tempo, igual planta mesmo.
Dá pra aproveitar:
- Aquele terreno baldio (mas tem que pedir permissão, hein!)
- Um cantinho da escola do bairro
- Um pedaço da praça que ninguém usa
- Um espaço cedido pela igreja ou centro comunitário
- Até mesmo canteiros grandes na calçada!
Atenção! Antes de sair cavando, precisa saber se pode usar o terreno. Se for particular, tenta falar com o dono. Se for da prefeitura, vai lá na subprefeitura ou associação de bairro perguntar. Explica o projeto direitinho que muita gente fica feliz em ajudar.
A Juliana, que coordena uma horta comunitária no ABC paulista, conta que começou assim: “Tinha um terreno baldio que só juntava lixo e mosquito da dengue. Fui na prefeitura, falei do projeto, e eles adoraram a ideia! Até ajudaram com umas ferramentas no começo.“
Juntando a galera
Uma horta comunitária precisa de gente! Quanto mais mãos, mais leve fica o trabalho.
Como achar essas pessoas? É só espalhar a ideia:
- Bate na porta dos vizinhos
- Manda mensagem nos grupos de WhatsApp do bairro
- Cola cartazes nos postes e comércios locais
- Fala na reunião da escola ou da igreja
- Conta pro pessoal da feira, do bar, da padaria…
Marca uma primeira reunião num lugar fácil de chegar. Pode ser na associação de bairro, embaixo de uma árvore, na escola… o importante é juntar o povo pra trocar ideia sobre a horta.
Na reunião, pergunta: quem já plantou alguma coisa na vida? Quem tem ferramentas que pode emprestar? Quem conhece alguém que entende de planta? Quem pode ir na horta em qual dia da semana?
“No começo era só eu e mais três vizinhas. Depois a notícia foi correndo, e hoje somos quase 20 famílias”, conta Dona Maria, de uma horta comunitária no interior de Pernambuco. “Tem gente que aparece só de vez em quando, tem outros que vêm todo dia. Cada um dá o que pode.”
Planejando sem complicação
Antes de pegar na enxada, é bom fazer um planinho básico. Nada muito complicado:
- Dê uma boa olhada no terreno. Onde bate mais sol? Onde fica mais sombra? Dá pra conseguir água por perto?
- Faça um desenho simples. Pode ser até num papel de pão. Só pra marcar onde vão ficar os canteiros e os caminhos.
- Decida o que plantar primeiro. É bom começar com coisas fáceis de crescer, tipo alface, cebolinha, couve, rúcula.
- Liste o que vai precisar. Ferramentas, sementes, adubo, mão de obra.
- Combine quem vai fazer o quê. Um se compromete a levar água, outro a conseguir sementes, outro a passar lá todo dia…
Seu Antônio, que participa de uma horta comunitária no Rio, diz que no início queria fazer tudo de uma vez. “Mas aí um amigo agricultor me aconselhou: começa pequenininho e vai crescendo aos poucos. Foi o melhor conselho! A gente não desanimou e hoje a horta tá dez vezes maior que no começo.”
Mãos à obra: preparando o terreno

Limpando e preparando a terra
Chega de conversa – agora é hora de meter a mão na massa! Ou melhor, na terra. A primeira tarefa é preparar o terreno pra receber as plantas da horta comunitária.
Pra começar, reúne a turma pra uma faxina geral:
- Tira todo o lixo e entulho
- Arranca as plantas que você não quer manter (capim alto, mato espalhado)
- Separa o que dá pra reciclar ou reaproveitar
Depois, é hora de conhecer a terra. Cava uns 30 centímetros e olha como ela é:
- Se achar minhocas, opa! Sinal de terra boa!
- Se for muito dura e empedrada, vai precisar de um trabalho extra
- Se a terra for escura e macia, você deu sorte!
Afofar a terra é o próximo passo. Com enxadas e pás, vai revirando e quebrando os torrões. Quanto mais solta a terra ficar, melhor as raízes vão crescer.
Agora é a hora de “alimentar” a terra. Mistura nela:
- Restos de folhas e galhos picadinhos
- Esterco de galinha ou de vaca (se conseguir)
- Composto orgânico (dá pra fazer com restos de comida)
“A terra aqui era puro barro, dura que só vendo”, conta Dona Josefa, de uma horta comunitária na Bahia. “A gente foi misturando resto de feira, folha seca, um pouco de esterco que um vizinho arrumou… Demorou uns meses, mas hoje a terra tá fofa e boa que é uma beleza!”
Se a terra for muito ruim ou contaminada, não esquenta! Dá pra fazer canteiros elevados com madeira, bambu, tijolo, ou até com aqueles pallets que os mercados jogam fora. Dentro deles você coloca terra boa.
Fazendo os canteiros
Os canteiros são tipo as “camas” onde as plantas vão crescer. O jeito mais simples é fazer assim:
- Largura de 1 metro a 1,20 metros (pra dar pra alcançar o meio do canteiro dos dois lados)
- Caminhos de uns 50 centímetros entre um canteiro e outro (pra passar sem pisar nas plantas)
- Comprimento de acordo com o espaço que você tem
Se puder, posiciona os canteiros na direção norte-sul. Assim o sol passa por cima deles durante o dia todo, e todas as plantas recebem luz por igual.
Como resolver a questão da água
Planta sem água não vive, e a falta de água é um dos maiores desafios de uma horta comunitária. Mas tem jeito:
- Regadores e baldes. A solução mais simples se tiver uma torneira por perto.
- Captação de água da chuva. Pode ser com calhas e tambores, ou até com lonas esticadas que direcionam a água pra recipientes.
- Irrigação por gotejamento caseiro. Dá pra fazer com garrafas PET viradas de cabeça pra baixo, com furinhos na tampa, enterradas perto das plantas.
- Economia de água. Coloca palha, folhas secas ou jornal picado ao redor das plantas (chamamos isso de “cobertura morta”). Isso mantém a umidade no solo por mais tempo.
Seu José, da horta comunitária do Morro do Alemão no Rio, teve uma ideia esperta: “A gente fez um acordo com o mercadinho da esquina. Eles guardam a água do ar condicionado em galões, e a gente passa lá pra pegar. Todo mundo sai ganhando!”
O que plantar? Escolhendo as estrelas da horta comunitária

Plantas que dão certo fácil
Na horta comunitária, é bom começar com o que é mais fácil de plantar e que cresce rápido. Assim ninguém desanima logo de cara!
Verduras de folha são campeãs pra começar:
- Alface (colhe em 30-45 dias)
- Couve (dá folha o ano todo)
- Rúcula (cresce rapidinho)
- Espinafre (cheio de vitaminas)
Temperos também são sucesso garantido:
- Cebolinha (ótima pra iniciantes)
- Manjericão (afasta alguns bichinhos e tem cheiro gostoso)
- Coentro (pronto em um mês)
- Salsinha (vai em quase toda comida)
Legumes amigáveis pra quem está começando:
- Abobrinha (produz bastante)
- Quiabo (aguenta bem o calor)
- Rabanete (fica pronto em menos de um mês!)
- Vagem (cresce rápido e dá bastante)
O Claudinho, um garoto de 12 anos que participa de uma horta comunitária na escola, me contou todo orgulhoso: “Plantei rabanete e em 25 dias já estava colhendo! Todo mundo lá em casa ficou impressionado.”
Plantas que vão bem juntas
Na natureza, as plantas crescem todas misturadas, não é mesmo? Na horta comunitária também pode ser assim! Algumas plantas ajudam outras a crescer melhor:
- Cenoura e alface se dão bem juntas: uma cresce pra baixo, outra pra cima
- Milho, feijão e abóbora: o feijão usa o milho como apoio pra subir
- Tomate e manjericão: o manjericão espanta as pragas que atacam o tomateiro
Além disso, misturar plantas diferentes ajuda a evitar pragas – é mais difícil um bichinho atacar quando seu alimento favorito não está todo junto num lugar só.
O que plantar em cada época
Cada planta tem seu tempo certo. Aqui vai uma dica rápida:
Primavera: bom pra plantar quase tudo! Alface, tomate, pimentão, pepino, milho.
Verão: prefira plantas que aguentam calor, como quiabo, berinjela, maxixe, feijão-vagem.
Outono: hora das folhosas como couve, acelga, espinafre, e também beterraba, cenoura.
Inverno: aposte em brócolis, couve-flor, ervilha, alho, cebola.
E tem outra coisa: pergunte pros mais velhos do bairro! Eles geralmente sabem direitinho o que dá certo na região em cada época do ano.
Cuidados do dia a dia
Dividindo as tarefas
Uma horta comunitária precisa de cuidados constantes. Se todo mundo ajudar um pouquinho, ninguém fica sobrecarregado.
Algumas ideias pra organizar o trabalho:
- Escala de rega. Cada dia uma pessoa ou família diferente vai aguar as plantas.
- Mutirão mensal. Uma vez por mês, todo mundo se reúne para trabalhos maiores: preparar canteiros novos, fazer composto, consertar a cerca.
- Grupos de trabalho. Alguns cuidam da compostagem, outros das sementes, outros da colheita.
- Grupo de WhatsApp. Facilita muito a comunicação! Dá pra avisar quando algo precisa de atenção urgente.
“No começo a gente não se organizou direito e quase que a horta não foi pra frente”, confessa Dona Raimunda, de uma horta comunitária em Belém. “Depois fizemos uma planilha bem simples, pregada no poste da entrada, com os nomes e dias de cada um. Melhorou 100%!”
Fazendo composto: lixo que vira tesouro
Composto é tipo um adubo natural feito com restos de comida e folhas secas. É muito bom pra terra e super fácil de fazer na horta comunitária:
- Escolhe um cantinho da horta
- Faz camadas alternadas de:
- Material seco (folhas secas, papelão sem tinta)
- Material úmido (cascas de frutas, restos de verduras)
- Uma fina camada de terra
- Vai empilhando até ter mais ou menos 1 metro de altura
- Cobre com palha pra proteger do sol e da chuva
- A cada 15 dias, mistura tudo pra dar ar
- Em 2-3 meses, tá pronto pra usar!
O que pode ir pro composto: cascas de frutas e verduras, borra de café, folhas secas, grama cortada, casca de ovo triturada.
O que NÃO pode ir: carne, frango, peixe, queijo, óleo, fezes de cachorro ou gato.
“As crianças adoram a composteira!”, conta Marta, professora de uma escola onde tem uma horta comunitária. “Eles trazem cascas de banana e maçã de casa e ficam encantados quando veem que aquilo virou terra boa.”
Espantando pragas sem veneno
Na horta comunitária a gente não usa veneno químico, né? Tem outras maneiras de proteger as plantas:
Alho e pimenta: Bate no liquidificador 4 dentes de alho, 1 pimenta malagueta e 1 litro de água. Deixa descansar um dia, coa e borrifa nas plantas. Espanta vários insetos!
Água de sabão de coco: Dissolve um pedacinho de sabão de coco em água morna e depois de esfriar, borrifa nas plantas. Bom contra pulgões.
Plantas que afastam pragas:
- Cravo-de-defunto protege os canteiros
- Hortelã afasta formigas
- Arruda espanta vários insetos
- Manjericão protege os tomates
“A gente plantou cravo-de-defunto ao redor de todos os canteiros. Além de ficar bonito, diminuiu muito o ataque de pragas”, conta Seu Manuel, de uma horta comunitária no interior de Minas Gerais.
Todo mundo junto na horta comunitária

Um lugar pra todas as idades
Uma horta comunitária de verdade tem espaço pra todo mundo participar:
Crianças podem:
- Regar as plantas (com regadores pequenos)
- Plantar sementes grandes (girassol, feijão)
- Colher os vegetais maduros
- Fazer espantalhos
- Aprender observando os bichinhos da horta
Jovens são ótimos para:
- Trabalhos que exigem mais força (cavar, carregar)
- Registrar a horta nas redes sociais
- Pesquisar novas técnicas na internet
- Organizar eventos
- Fazer projetos criativos (pintura de placas, sistemas de irrigação)
Adultos costumam coordenar:
- Divisão de tarefas
- Contato com parceiros
- Organização da colheita
- Ensino de técnicas
- Resolução de problemas
Idosos são verdadeiros tesouros na horta:
- Conhecem técnicas tradicionais de plantio
- Sabem muito sobre plantas medicinais
- Têm paciência para trabalhos delicados
- Passam conhecimento para os mais novos
- Contam histórias que ninguém mais sabe
“Na nossa horta comunitária, o Seu João, de 78 anos, ensina pra garotada como prever chuva olhando o céu e os insetos. Conhecimento que não tem no Google!”, conta Roberta, de uma horta em São Luís do Maranhão.
Fazendo a horta virar ponto de encontro
Uma horta comunitária pode ser muito mais que um lugar de trabalho. Pode virar um ponto de encontro bacana!
Algumas ideias:
- Almoço com a colheita: Uma vez por mês, todo mundo traz um prato feito com o que colheu na horta.
- Roda de histórias: Os mais velhos contam como era a alimentação antigamente.
- Troca de mudas e sementes: Cada um traz o que tem em casa para trocar.
- Oficinas: Ensinar a fazer conservas, composteiras caseiras, remédios de plantas…
- Visitas de escolas: As crianças do bairro aprendem de onde vem a comida.
Lá no Jardim Ângela, em São Paulo, a horta comunitária virou ponto turístico do bairro. “Todo domingo depois da missa o pessoal dá uma passadinha na horta”, conta Rosângela. “Tem gente que vem só pra prosear mesmo, nem leva nada. Mas isso também é importante!”
Parcerias que ajudam a horta
Uma horta comunitária fica mais forte com boas parcerias:
Escolas podem:
- Levar os alunos para visitas educativas
- Usar a horta como sala de aula ao ar livre
- Incentivar alunos a participarem como voluntários
Comércios locais às vezes doam:
- Caixas e pallets para fazer canteiros
- Restos orgânicos para compostagem
- Ferramentas
- Espaço para divulgação
Prefeitura e subprefeituras podem ajudar com:
- Autorização para uso de terrenos
- Fornecimento de água em períodos de seca
- Doação de mudas e sementes
- Coleta de resíduos mais volumosos
“A padaria aqui do lado separa toda a borra de café pra nossa horta comunitária“, conta Eliane, de uma horta em Belo Horizonte. “Em troca, toda semana a gente leva uma cesta de verduras fresquinhas para eles. Todo mundo sai ganhando!”
Superando os desafios

E quando falta água?
Falta d’água é um problema sério, mas tem jeito de driblar na horta comunitária:
- Cobertura de palha ou folhas secas: Coloca uma camada grossa em volta das plantas para manter a umidade.
- Plantio em nível: Faz os canteiros seguindo as curvas do terreno para a água da chuva não escorrer toda embora.
- Irrigação por gotejamento caseiro: Aquelas garrafinhas PET enterradas com furinhos na tampa fazem milagre!
- Reuso da água: Dá pra usar a água de lavar roupa (só a do último enxágue e sem alvejante) e a água do ar condicionado.
- Escolha de plantas que aguentam mais secura: Ora-pro-nóbis, taioba, aloé, manjericão, são exemplos de plantas mais resistentes.
Lá em Januária, norte de Minas, a horta comunitária do Seu Geraldo usa uma técnica antiga: olhos d’água. “A gente faz uns burações na parte mais baixa do terreno e reveste com argila. Eles enchem na época de chuva e seguram água por muito tempo.”
Mantendo o pique
No começo todo mundo está animado com a horta comunitária, mas com o tempo pode bater aquele desânimo. Como evitar?
- Comemore pequenas vitórias: A primeira colheita, o primeiro tomate maduro, o dia em que as borboletas apareceram…
- Documente o progresso: Tire fotos do “antes e depois”, faça um mural com esses registros.
- Crie novidades: Experimente plantar uma fruta diferente, fazer um cantinho de flores, construir um banco pra descanso.
- Façam refeições juntos: Nada motiva mais que comer algo gostoso que você mesmo plantou.
- Distribua responsabilidades: Quanto mais gente se sentir “dona” da horta, menos chance de ela ser abandonada.
“Teve uma época que a turma estava desanimando”, lembra Gabriela, de uma horta comunitária em Campinas. “Aí a gente teve a ideia de fazer uma competição amigável: qual canteiro ia produzir mais. Foi super divertido e todo mundo voltou a se empenhar!”
Quando surge aquela briga…
Onde tem gente, tem diferenças de opinião. Na horta comunitária não é diferente. Alguns conselhos:
- Tenha algumas regras básicas desde o início: Como serão divididas as tarefas e a colheita? Quem pode entrar na horta? O que pode e não pode ser feito?
- Conversem regularmente: Uma rodinha de conversa antes ou depois do trabalho ajuda a resolver pepinos antes que cresçam demais.
- Ouvir é importante: Às vezes a pessoa só quer ser ouvida e já fica satisfeita, mesmo que nem tudo seja feito do jeito dela.
- Lembrem do objetivo maior: A horta existe para melhorar a vida de todos, não para ser motivo de estresse.
“Teve uma confusão feia quando umas pessoas queriam usar um cantinho da horta comunitária pra plantar flores, e outras achavam que era desperdício de espaço”, conta Paulo, de uma horta em Recife. “No final, fizemos um acordo: plantamos flores que atraem polinizadores, então ficou bonito e útil ao mesmo tempo.”
Hora da colheita: dividindo os frutos do trabalho
Combinando a divisão da colheita
Depois de tanto trabalho, chega a melhor parte na horta comunitária: colher! Mas como dividir de forma justa?
Alguns jeitos que funcionam bem:
- Quem trabalha, colhe: As famílias levam para casa de acordo com o tempo que dedicaram à horta.
- Dias alternados: Cada família ou grupo tem seu dia para colher o que precisa.
- Colheita coletiva e divisão: Um dia por semana, todos colhem juntos e dividem igualmente.
- Sistema misto: Uma parte para quem trabalha, outra para doação a famílias necessitadas que não podem participar.
“No nosso caso, cada família colhe o que precisa, sem exageros”, explica Dona Sebastiana, de uma horta comunitária em Cuiabá. “Tem tanta fartura que nunca falta. E no final da tarde de sexta, o que está maduro e não foi colhido, a gente leva para o asilo aqui perto.”
Transformando a colheita em comida gostosa

Os alimentos da horta comunitária são fresquinhos e saudáveis, mas nem todo mundo sabe preparar certos vegetais. Por isso:
- Troquem receitas: Cada um ensina um prato que sabe fazer bem.
- Façam um livro de receitas da comunidade: Pode ser um caderno simples onde cada um anota uma receita.
- Experimenta isso: Quando alguém diz “não gosto de berinjela”, ofereça preparada de um jeito diferente.
- Oficinas de culinária: Uma vez por mês, alguém ensina a preparar um prato com os alimentos da horta.
“Tinha uma porção de crianças que torcia o nariz para a beterraba”, conta Joana, de uma horta comunitária em Aracaju. “Aí eu fiz um bolo de chocolate com beterraba sem contar o segredo. Todo mundo adorou e pediu a receita!”
Crescendo e aparecendo
Uma horta comunitária que dá certo costuma crescer. Alguns caminhos possíveis:
- Aumentar a área plantada: Se tiver espaço, é natural que a horta cresça.
- Diversificar: Começar com um pequeno galinheiro, criar abelhas sem ferrão, fazer um viveiro de mudas.
- Processar alimentos: Fazer conservas, molhos e geleias com o excedente da produção.
- Virar um centro educativo: Receber escolas, oferecer cursos.
- Inspirar outras hortas: Ajudar a criar hortas em outros bairros.
“A nossa horta comunitária começou num terreno de 200m² com meia dúzia de famílias. Hoje ocupamos 1.000m², temos mais de 20 famílias, um galinheiro comunitário e até recebemos visitas de outras cidades”, conta orgulhoso Seu Clemente, de uma horta na Grande São Paulo.
Colhendo mais que vegetais
Uma horta comunitária produz muito mais que alface, cenoura ou tomate. Ela gera:
- Conhecimento: Sobre plantas, terra, clima, alimentação saudável…
- Amizades: Pessoas que talvez nunca se falassem viram parceiras.
- Saúde: Tanto pela atividade física leve quanto pela alimentação mais saudável.
- Economia: Menos dinheiro gasto no mercado, possibilidade de vender o excedente.
- Território mais verde: Um espaço que era abandonado vira área verde e produtiva.
- Sentimento de pertencimento: As pessoas passam a se sentir parte importante do bairro.
Como diria a Dona Lurdes, de 72 anos, que participa de uma horta comunitária no interior da Bahia: “A horta me deu ocupação pros braços, alegria pro coração e comida boa pro corpo. Que negócio bom é esse que só dá coisa boa, hein?“
E é verdade! Acho que agora você já percebeu que uma horta comunitária é muito mais que um monte de plantas. É um jeito de transformar o bairro começando por um pedacinho de terra.
Não precisa saber tudo no começo. A horta ensina a gente dia após dia. O importante é começar, mesmo que seja com um canteirinho pequeno. Como dizem os antigos: “Planta que se planta, cresce.” E não é só a planta que cresce, não. A gente também cresce junto.
E aí, animou? Já pensou onde poderia ser a horta comunitária do seu bairro? Quem seriam as primeiras pessoas que você chamaria pra ajudar? As sementes da mudança já estão nas suas mãos – só falta plantar!
As pessoas também perguntam
O que é a horta comunitária?
O que é horta comunitária? Horta comunitária é um espaço coletivo no qual se pode produzir alimentos por meio do trabalho voluntário de pessoas que vivem em determinado local ou região. Em alguns casos, ela ajuda a solucionar problemas ambientais e sanitários, ocupando terrenos abandonados, por exemplo.
Quais são os três objetivos das hortas comunitárias?
Segundo o presidente da instituição, Hans Dieter, as hortas comunitárias têm um tripé de objetivos: “Utilizar o espaço urbano que não está sendo usado para nenhum fim específico, transformá-lo em polo de produção de alimentos e gerar oportunidade de trabalho e renda para a população.”
Qual é o objetivo de uma horta comunitária?
Uma horta comunitária é um espaço coletivo onde pessoas de determinada região se reúnem para cultivar alimentos de forma colaborativa e voluntária. Seu objetivo é plantar e compartilhar produtos frescos, saudáveis e acessíveis, além de fortalecer o senso de comunidade.