Outro dia, estava passeando no parque perto de casa quando pisei em alguns cogumelos. Foi engraçado porque, em vez de achar nojento como sempre achei, me peguei pensando: “Esses carinhas podem virar minha próxima carteira!” Parece maluquice, né? Mas é real. Enquanto a gente segue a vida correndo de um lado pro outro, cientistas estão transformando fungos em coisas que a gente usa todo dia. E se eu te contar que aquele cogumelo no meio da grama poderia virar um dia sua jaqueta favorita?
Afinal, o que é essa tal de biomaterial que todo mundo tá falando?
Os biomateriais estão na nossa vida há mais tempo do que imaginamos. Sabe aquele curativo que você coloca quando corta o dedo cortando cebola? É um biomaterial. A lente de contato da sua prima? Também é.
Os biomateriais são, numa explicação bem simples, materiais feitos pra funcionar bem com coisas vivas, seja substituindo partes do corpo ou sendo usados no nosso dia a dia sem prejudicar o planeta.
Olha só pra sua carteira ou cinto. Se for de couro, veio de um animal. Pra transformar pele de animal em couro, usa-se muita água, um monte de produtos químicos nada legais pro meio ambiente e, claro, precisa criar o animal – o que já tem seu impacto. Fora a questão ética que muita gente levanta sobre usar produtos de origem animal.
É aí que nossos amigos fungos entram nessa história.
Fungos: essas criaturas mágicas que a gente mal conhece

Pensa comigo: a gente geralmente torce o nariz pros fungos, né? Aquela coisinha verde na laranja que ficou esquecida na fruteira, o mofo no cantinho do banheiro depois de uma semana de chuva…
Mas os fungos são bem mais incríveis do que parecem. Nem são plantas nem são animais – eles têm seu próprio reino na natureza. É como se fossem os primos esquisitos da família que ninguém entende direito, mas que são cheios de talentos escondidos.
O segredo dos fungos pra virar material está numa parte deles chamada micélio. Pensa no micélio como se fossem as raízes do fungo, mas são tipo uma rede de fios microscópicos. Meu sobrinho de 6 anos entendeu na hora quando expliquei: “É tipo uma teia de aranha, mas debaixo da terra ou dentro da madeira!”
E ele acertou em cheio. O micélio é uma rede natural que pode crescer do jeito que a gente quiser. Quando tratado do jeito certo, vira um material que parece, sente e até cheira como couro, mas sem precisar de nenhum animal.
Como se faz couro de fungo: uma receita diferente
Fazer “couro” de fungo é mais fácil do que fazer bolo, acredite! Vou te contar o passo a passo sem complicação:
- Prepara a “comida” do fungo: Pega restos agrícolas como palha, serragem ou até borra de café. É tipo preparar a terra pro plantio.
- “Planta” o fungo: Coloca uns pedacinhos de micélio nesse material. É como semear.
- Deixa crescer: O fungo fica ali numa temperatura e umidade certinhas. Nessa fase ele vai “comendo” o material e formando uma rede bem densa.
- Para o crescimento: Quando o micélio cresceu o suficiente, para-se o crescimento com um pouquinho de calor ou outros métodos naturais.
- Dá o acabamento: Aí é só tratar o material final pra ficar com a cara, textura e durabilidade que você quer.
Minha amiga Ana, que trabalha com artesanato há anos, me disse outro dia: “No começo achei que era papo furado. Como um troço feito de fungo ia substituir o couro que eu uso há 20 anos? Mas quando peguei na mão pela primeira vez, fiquei besta. É muito parecido!”
E o mais legal? Esse processo todo leva algumas semanas, enquanto o couro tradicional pode demorar meses pra ficar pronto.
Por que o couro de fungo é bom pro nosso planeta

Comparado com o couro tradicional, esse material de fungo tem vantagens que impressionam qualquer um:
Economiza uma caramba de água: Pra fazer um quilo de couro de boi, gasta-se uns 8.000 litros de água. É água pra caramba! O cultivo do micélio usa muito menos.
Quase zero químicos ruins: O curtimento tradicional do couro usa produtos químicos pesados como o cromo, que fazem um estrago no meio ambiente. O material de fungo praticamente não precisa disso.
Reaproveita o que ia pro lixo: Os fungos podem crescer em resíduos que a gente normalmente joga fora. O Carlos, um cara que conheço que começou a produzir esse material, me contou: “A gente usa serragem da marcenaria aqui do bairro e borra de café que as cafeterias iam jogar no lixo.”
Volta pra natureza: Quando um produto de couro de fungo já não serve mais, ele se decompõe naturalmente, sem deixar porcaria tóxica no ambiente.
É rapidinho de fazer: Enquanto o couro animal demora pra caramba desde criar o animal até curtir a pele, o micélio cria um material parecido em poucas semanas.
Os biomateriais estão por toda parte (e você nem sabia!)
Os biomateriais vão muito além do couro de fungo. Eles estão em mais lugares do que você imagina:
Polímeros: os que se transformam em mil coisas
Os polímeros são como massinha de modelar da natureza – podem ser naturais, tipo a celulose das plantas, ou feitos em laboratório, como o plástico da sua escova de dentes.
Na medicina, tem polímeros que são usados como pontos que somem sozinhos depois que o corte cicatriza. Nem precisa voltar ao médico pra tirar! Minha prima levou um tombo de bicicleta e precisou de pontos. Ela ficou super aliviada quando soube que os pontos iam sumir sozinhos com o tempo.
Metais que o corpo aceita: fortes como a gente precisa
Tem metais especiais como titânio e aço inoxidável que são usados em implantes. Eles têm a força necessária pra substituir ossos ou articulações.
Aquele senhor que mora na sua rua e ganhou um implante no quadril? Ele tá andando de novo graças a esses biomateriais metálicos. O segredo é que esses metais são biocompatíveis – o corpo não rejeita.
Cerâmicas: não só pra fazer xícara
Se você já passou por um dentista pra fazer uma restauração ou coroa, já teve contato com biomateriais cerâmicos. Eles imitam a dureza dos nossos dentes e ossos.
Meu dentista, seu João, que cuida dos meus dentes desde que eu era criança, sempre comenta: “Antigamente as pessoas ficavam com a boca cheia de metal. Hoje ninguém percebe que você tem uma restauração. É tudo da cor do dente, feito dessas cerâmicas especiais.”
O couro de fungo já está nas passarelas (e talvez no seu próximo sapato)

O pessoal da moda já tá de olho nessa novidade há um tempão. Marcas pequenas e até algumas grandões já estão fazendo bolsas, sapatos e até roupas inteiras com esse material.
Uma coisa bacana é que dá pra personalizar: o couro de fungo pode ser cultivado em diferentes texturas. Quer algo mais durinho pra fazer uma bolsa estruturada? Ou algo mais molenga pra uma jaqueta confortável? O micélio se adapta ao que você precisa.
A Luísa, uma designer que mora aqui perto de casa, começou a usar esse material nas peças dela. Ela me contou empolgada: “Já experimentei de tudo que é tecido alternativo, mas o couro de fungo me deixou de queixo caído pela versatilidade.”
E não é só na moda que esse material tá aparecendo:
- Tem gente fazendo sofá com ele
- Enfeites de casa
- Embalagens diferentonas
- Peças de carro
- Até isolamento pra construção
O mais legal é que dá pra fazer crescer o material já no formato que você quer, desperdiçando bem menos do que quando se corta couro tradicional.
Nem tudo são flores (ou fungos) nessa história

Como toda novidade, o couro de fungo ainda tem seus desafios pra superar:
Nem sempre é tão durável: Apesar do avanço, alguns tipos de couro de fungo ainda não aguentam o tranco como o couro animal de primeira. Os cientistas estão correndo atrás pra melhorar isso com tratamentos naturais.
O Pedro, sapateiro da esquina que tá na profissão há mais de 30 anos, me disse outro dia: “No começo torci o nariz, achei que era modinha. Os primeiros materiais desses que testei rasgavam fácil. Mas os mais recentes que experimentei já tão quase no nível do couro tradicional pra alguns usos.”
É difícil fazer em grande escala: Produzir no fundinho do quintal é uma coisa, mas aumentar pra uma fábrica inteira sem perder qualidade é bem complicado.
O povo tem preconceito: Mudar o costume do povo é dureza. Tem gente que ainda prefere o couro tradicional por costume ou por achar que é melhor mesmo.
Faltam regras claras: Por ser novidade, ainda não existem padrões definidos pra qualidade desse material. Cada empresa faz do seu jeito.
O futuro é dos biomateriais (e tá mais perto do que parece)
O campo dos biomateriais tá só engatinhando, principalmente os de fungos. E olha que já tem muita coisa legal acontecendo!
Não é só moda não, é saúde também
Enquanto a gente fala do couro de fungo, tem um monte de pesquisador usando biomateriais pra medicina. Eles estão desenvolvendo materiais que ajudam o corpo humano a se regenerar.
Imagina só: um material especial implantado no corpo que ajuda a regenerar um órgão danificado, e depois some naturalmente à medida que o tecido saudável cresce no lugar. Parece filme de ficção, mas é pesquisa séria que tá rolando agora mesmo.
Misturando o natural com o sintético
A linha entre biomateriais naturais e sintéticos tá ficando cada vez mais borrada. Os cientistas estão pegando o melhor dos dois mundos: a previsibilidade dos sintéticos com a compatibilidade e sustentabilidade dos naturais.
Na odontologia, por exemplo, tem materiais novos pra restaurações que não só parecem dentes de verdade como também ajudam o próprio dente a se recuperar.
Como você pode entrar nessa onda
Você não precisa virar cientista pra fazer parte dessa revolução. Olha só o que dá pra fazer:
Compre consciente: Procure marcas que usam materiais alternativos como o couro de fungo. Cada compra é um voto no tipo de futuro que você quer.
Espalhe a ideia: Conte pras pessoas sobre esses materiais. Quanto mais gente souber, maior a demanda.
Experimente em casa: Tem kits educativos que permitem cultivar pequenas amostras de biomateriais em casa. É uma atividade divertida pra fazer com as crianças nas férias!
Apoie quem tá começando: Muitas empresas inovadoras começam pequenas. Dá uma olhada em financiamentos coletivos ou invista em negócios que têm a ver com esses valores.
A Rafa, uma vizinha que trocou tudo que era de couro na casa dela por alternativas sustentáveis, inclusive algumas peças de couro de fungo, me falou semana passada: “No começo achei que ia ser um sacrifício, mas agora tenho é orgulho de mostrar cada peça que tenho. Meus filhos aprendem na prática que dá pra fazer escolhas melhores pro planeta.”
Pra fechar: o fungo que virou ouro
Quando a gente vê um cogumelo crescendo quietinho num canto, nem imagina que aquilo pode revolucionar o jeito como fazemos as coisas. Mas esses seres simples estão na linha de frente de uma mudança na forma como a gente produz e consome.
O couro de fungo representa mais que uma alternativa ao couro animal – é um sinal de uma mudança maior na nossa relação com os materiais que usamos. É um tapa na cara pra gente perceber que as soluções sustentáveis muitas vezes já estão aí na natureza, só esperando que a gente dê valor.
Enquanto os biomateriais continuam evoluindo, uma coisa é certa: o futuro vai ser construído não só com concreto e plástico, mas também com materiais vivos que trabalham junto com a natureza, não contra ela.
Da próxima vez que você ver um fungo, talvez olhe com outros olhos – não como um intruso no seu jardim, mas como um vislumbre do futuro das coisas que vamos usar todo dia.
E quem sabe um dia você não esteja explicando pro seu filho, que acha nojento aquele cogumelo na calçada: “Sabia que minha primeira carteira ecológica foi feita de um parente desse aí?”
O que você precisa lembrar sobre biomateriais e couro de fungo:
- Os biomateriais são materiais amigos da natureza e podem substituir coisas como o couro animal
- O micélio é a parte do fungo que forma uma rede de fibras que pode virar um material parecido com couro
- O couro de fungo gasta menos água, quase zero químicos ruins e pode ser feito de restos que iriam pro lixo
- Além da moda, os biomateriais são usados na medicina, nos dentes e em várias outras áreas
- Os polímeros, metais e cerâmicas são outros tipos importantes de biomateriais que a gente usa sem perceber
- Ainda tem desafios pela frente, como melhorar a durabilidade e produzir em larga escala
- Esse campo tá sempre evoluindo, prometendo soluções cada vez melhores pro nosso dia a dia e pro planeta